O coordenador de comunicação da Província da Imaculada Conceição do Brasil, Frei Gustavo Medella, afirmou na tarde da segunda-feira (5) que a província recebeu algumas informações, segundo ele, “desencontradas e nebulosas”, em relação a um fato em Pato Branco. O acontecido, conforme relatou o Diário do Sudoeste na edição de 29 de abril, é que dois homens compareceram a uma casa shows em Pato Branco e acabaram gerando certo tumultuo na madrugada de sexta-feira, 25 de abril. Segundo averiguações, um dos homens envolvidos no episódio é o membro da Ordem Franciscana, Frei Clésio Wiggers, que conforme relatos da gerente da casa noturna, que terá sua identidade preservada, chegou ao estabelecimento por volta das 4h da madrugada daquele dia.

De acordo com Frei Gustavo, o procedimento adotado pela província é de entrar em contato com o religioso e com os freis que convivem com ele para ouvir os relatos e, posteriormente, tomar as providências cabíveis.

Frei Gustavo destacou que “as avaliações serão feitas com cautela, buscando a justiça e a verdade e reconhecendo os fatos que vão contra aquilo que nós nos propomos na vida religiosa”.

O coordenador de comunicação da província afirmou ser complexo adiantar o que pode acontecer, porém não negou a possibilidade de transferência e até outras medidas. “De alguma forma, medidas devem ser tomadas, mas sempre levando em consideração os critérios de transparência com relação à verdade e com relação ao povo de Deus, à igreja local, sempre na perspectiva de que a verdade apareça e que a justiça aconteça, não no sentido de condenação, mas de justiça”.

Participando da assembleia da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Aparecida (SP), o bispo da Diocese de Palmas e Francisco Beltrão, Dom José Antônio Peruzzo, afirmou que está ciente do que aconteceu. “Quando retornar à diocese, as coisas serão encaminhadas”.

Procurados por nossa equipe de reportagem, o pároco e superior dos Franciscanos da Paróquia São Pedro, Frei Olivo Marafon, não foi encontrado para comentar o fato, tampouco Frei Clésio retornou às ligações.

Os fatos

Diário entrou em contato com a gerente da casa de shows, que relatou o episódio.

Diário: O que aconteceu na madrugada da sexta-feira (25)?

- Ele [Clésio] chegou aqui acompanhado de mais um senhor. Era madrugada, por volta de 4h ou pouco mais, na sexta-feira. Eu não sabia quem ele era. Ninguém aqui sabia, nós atendemos como qualquer outra pessoa. Eles chegaram já embalados, bêbados, pediram suas bebidas, e foi rolando mais bebidas. No decorrer da madrugada, ele tentou agredir uma garçonete. Ele pegou no rosto dela [gesticulando a altura do queixo], apertou bastante, jogou de um lado para o outro, puxou o cabelo. Foi aí que eu disse que era melhor ele se retirar, que pagasse a despesa e se retirasse. O chamei no caixa, peguei a comanda, somei tudo e ele disse: “Não, eu não vou pagar”.

Ele falava que não ia pagar, que não tinha bebido aquilo e que não iria pagar. Daqui a pouco teve uma conversa, eu fui até grossa com ele, e ele ofereceu um determinado valor, que era insignificante em termos das despesas que ele tinha na casa. Expliquei que aqui não é assim, o cliente não paga o que quer, paga o que é, o que consumiu, por isso trabalhamos com comanda. Ele não se dispôs a pagar. Isso já era manhã, por volta das 6h30.

Qual o valor das despesas?

- Prefiro não comentar o valor da comanda [segundo apurado pelo Diário, cerca de R$ 3,5 mil]. Para nós, que somos da noite, não era um valor alto, bem normal, nada exagerado.

O que levou a casa a chamar à polícia? Foi a tentativa de agressão ou a recusa em pagar a conta?

- Foi pelas duas coisas, mas é obvio que queríamos receber.  Foi o segurança que falou, “o que acha de chamar a polícia?”. Eu disse que podia ligar. Quando os policiais chegaram, a porta principal já estava fechada, já que já era de manhã e só eles estavam na casa naquele momento, e então foi aberta a porta de emergência. Foi quando os policiais entraram e falaram: “Nossa Frei, o senhor por aqui?”. Foi então que eu vim a saber quem era a pessoa.

Foi a primeira vez que ele esteve na casa?

- Sim, foi a primeira vez que ele veio na casa.

Houve ofensas morais?

- Ele não usou palavrões. Ele gritava, xingava, mas nada de palavrões. Teve momentos que ele chegou a ameaçar até os policiais a ponto de ter três viaturas na casa. Temos sistema de filmagem, todas as imagens estão salvas e guardadas.

Quem pagou as despesas?

- Foi ele [Clésio] mesmo que efetuou o pagamento.  Quando eu falei  que nem precisava mais pagar — porque dinheiro eu faço de novo — e que iria divulgar as imagens foi que ele cochichou com seu acompanhante para que pagasse passando o cartão, que depois ele acertaria. O outro senhor me alcançou o cartão, mas não passava. Tentei de várias maneiras, com valores menores, parcelado e não passava. Realmente acho que ele não tinha dinheiro naquela conta. Foi quando ele [Clésio] pegou algumas notas, bem pouco dinheiro, peguei contei e disse o quanto estava faltando. Nesse momento vi que na carteira dele tinha uma folha de cheque, preenchi o cheque e ele assinou. Foi quando fiquei sabendo o nome dele, até porque os policiais somente o chamavam de Frei.

O caso está sendo analisado pelo Pároco da Paróquia São Pedro que deverá se pronunciar nos próximos dias. (Fonte: Diário do Sudoeste)