Socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) participaram de um treinamento para atendimento em emergências pediátricas e neonatais na quarta-feira, 9, no Hospital Regional de Francisco Beltrão. Os profissionais participaram de atividades práticas para garantir o atendimento emergencial a neonatos.

A médica Mariele Monteiro explicou que a iniciativa do curso surgiu em função do grande número de transportes de recém-nascidos de alto risco na região. "O ideal seria transportar ainda em intraútero, que é mais seguro para o bebê. Como isso está diretamente associado aos índices de morbidade e mortalidade infantis, a ideia é que esse transporte seja feito da maneira mais adequada possível, dentro da nossa realidade e que a gente receba esses pacientes já numa condição melhor para melhorar esse índice de mortalidade do Sudoeste do Paraná que é o maior do Estado. Que a gente possa ver onde estão os nossos maiores riscos e interferir nesses procedimentos, fazendo educação continuada, treinando o pessoal, principalmente dos municípios da nossa regional."

De acordo com Mariele, os hospitais de nível primário e secundário acabam encaminhando os pacientes para hospitais terciários (que têm uma UTI neonatal) tardiamente. A médica reforça que é difícil que ocorram os óbitos durante o transporte, porém são pacientes que chegam ao hospital com índice de risco muito alto. "Existe um índice de mortalidade já numa faixa de 58% e no transporte adequado você pode ajudar controlando temperatura. Você estabilizando esse paciente na origem, consegue diminuir muito esse índice de risco."

Mariele conta que é necessária a capacitação permanente nos hospitais de origem, porque o primeiro minuto de vida é o que determina todo o prognóstico das crianças e o índice de mortalidade. Ela explica que, se esse atendimento no primeiro minuto de vida for feito de maneira adequada, a criança tem muito mais chance de evoluir bem. "Se não for feito de forma adequada no hospital de origem, a gente ainda tem uma segunda barreira para melhorar, que é o transporte adequado. Se tiver uma equipe de médicos — que não precisam necessariamente ser neonatologistas nem pediatra, mas têm que ser médicos aptos para fazer as manobras de reanimação neonatal — transportando da maneira adequada, prestando atenção na temperatura, nos sinais vitais do bebê, o paciente chega na melhor condição possível até o nosso serviço."