No histórico primeiro Gre-Nal da Arena, o de número 397 dos 104 anos do clássico, tudo meio azul, tudo meio vermelho. O empate em 1 a 1 sintetiza um jogo de muita marcação, muita pegada e com gols de centroavantes.

 

Barcos fez 1 a 0 para o Grêmio, de pênalti, aos 18 do primeiro tempo. Leandro Damião, três minutos depois, empatou após ótima jogada de Willians pela direita. E o embate, depois disso, seguiu muito disputado e sem chances claríssimas de gol até o final.

Os últimos minutos, no entanto, renderam ao jogo três expulsões: Jorge Henrique, aos 31; Fabrício, já aos 47, e Werley, aos 48.

O empate deixa o Inter em quarto lugar, com 19 pontos, e o Grêmio em nono, com 16.

Na próxima rodada, às 21h de quinta-feira, o Grêmio encara o Coritiba, novamente na Arena. Já o Inter folga no meio da semana e retorna ao Brasileirão às 18h30min de domingo, contra o Atlético-PR, no Rio Grande do Sul.

Primeiro tempo

Marcação. Esta foi a tônica do Gre-Nal deste domingo, válido pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro. Com três zagueiros, o Grêmio fechou a maioria das portas coloradas. E, com cinco no meio, povoou o setor e inibiu as ações do cérebro vermelho: D`Alessandro, tão bem marcado quanto Elano e Kleber do outro lado do campo.

Tal qual Forlán resumiu ao fim da primeira etapa, foi um jogo "parelho". Muito parelho, talvez com o Grêmio um pouco superior devido a maior posse de bola (60% a 40%), o que fez com que a equipe de Renato criasse mais. Sem conclusões certeiras, no entanto. O Inter, por sua vez, criou pouco. Raramente, chegou com força à área gremista.

A primeira boa chance da partida ocorreu aos sete minutos, quando Elano cobrou falta da intermediária, e o paraguaio Riveros desviou de cabeça. Para fora. Aos nove minutos, no entanto, a exemplificação da força: Adriano levantou D`Alessandro. E foi punido com cartão amarelo. Prevendo o pior — já que o volante por pouco não havia sido expulso aos 33 após puxar o argentino no meio-campo —, Renato o substituiu por Ramiro, aos 39.

Enquanto a segunda bola passou a ser mais gremista do que colorada no meio, Willians atingiu Pará e também recebeu cartão amarelo. Alex Telles, pela esquerda, era quem mais levava perigo à meta de Muriel. Numa delas, aos 17 minutos, Ronaldo Alves se abaixou para cabecear, e tocou com o braço na bola. Fabrício Neves Correa mandou seguir.

Um minuto depois, no entanto, a teoria virou prática. Kleber foi derrubado por Willians e sofreu pênalti. Barcos bateu firme, no canto esquerdo, e marcou o primeiro gol da história do clássico Gre-Nal na Arena: 1 a 0 para o Grêmio.

A explosão em azul, preto e branco, porém, durou pouco. E foi interrompida pelos 1,5 mil privilegiados colorados que garantiram seu lugar no estádio rival. Pela ponta direita, Willians construiu belíssima jogada. Passou por três tricolores e cruzou para Leandro Damião, que, livre, só teve o trabalho de empurrar para o meio do gol de Dida: 1 a 1.

Ainda que o Inter ensaiasse alguns passes no meio, não conseguia chegar com consistência ao ataque. E o Gre-Nal seguiu como começou: com muita pegada. Kleber, duas vezes, aos 41, e aos 43, ainda assustou Muriel — que defendeu cabeçadas de Kleber e Barcos com segurança. Na primeira, ele recebeu de Barcos e bateu cruzado. Para fora. Na segunda, cabeceou por cima.

Segundo tempo

A etapa complementar recomeçou com Fabrício no lugar de Ednei. Com isso, a lateral direita colorada foi executada por Jorge Henrique. Fabrício, assim, foi para o lado esquerdo do meio, próximo a Kleber.

Quem tomou a iniciativa, no entanto, foi o Grêmio. O time de Renato teve mais posse de bola e, ainda que continuasse sem chegar à área adversária com veemência, teve mais volume de jogo e criou as (raras) melhores oportunidades — mesmo que o número de escanteios, por exemplo, tenha sido de sete a dois para o Inter.

As jogadas gremistas de perigo, no caso, se sucederam por meio de bolas paradas, ora com Elano, ora com Alex Telles — um dos melhores jogadores em campo. Participativo, o lateral-esquerdo foi ao ataque, recompôs, combateu, marcou, arriscou chutes e executou diversos cruzamentos, alguns com perigo. É uma grata surpresa para o torcedor gremista neste Campeonato Brasileiro.

As substituções da etapa final pouco alteraram o que estava acontecendo em campo. Renato sacou Elano e colocou Maxi Rodríguez. Dunga trocou Forlán pelo estreante Scocco, que assustou Dida após dominar uma bola vinda da defesa, girar e chutar em curva, com muito perigo, aos 35.

No lado oposto, um dos lances mais bonitos por pouco não gerou o gol da vitória com Kleber, aos 29 minutos. Barcos passou por dois colorados na linha de fundo e cruzou para o parceiro, que por centímetros não alcançou. Jorge Henrique, por baixo, salvou.

O Inter respondeu com D`Alessandro e Jorge Henrique, aos 29. Antes, aos 22, o argentino já havia arriscado de fora da área. O Grêmio partiu para a tréplica: Barcos quase marcou aos 30. O mesmo Jorge Henrique, de novo por baixo, cortou. E um minuto depois ele acabou expulso por cometer falta em Barcos, que, quase na risca da grande área, entraria livre para marcar. O lance gerou protestos diversos, empurrões, discussões e um cartão amarelo para D`Alessandro por reclamação.

Na base da pressão, o Grêmio tentou encurralar o Inter. Não conseguiu. O Inter, por sua vez, não se abateu e tentou investir em contra-ataques. Mas, aos 47, Fabrício foi expulso por desferir um tapa no rosto de Ramiro, em um claro exagero do árbtiro Fabrício Neves Correa. Um minuto depois, Werley entrou com força, com o pé, por cima, atingiu Willians e também foi expulso.

Se Adriano era para ter sido expulso por meio de um segundo cartão amarelo quando parou D`Alessandro em um contra-ataque colorado, o volante Willians também já tinha amarelo quando cometeu o pênalti sobre Kleber. Por isso, a arbitragem foi muito questionada por ambos os lados.

Ao final, ficou o gosto de "todos poderiam mais".