Começou nesta terça-feira, dia 19, em São Lourenço D´Oeste (SC), o 4º Congresso da Agricultura Familiar da Fetraf-Sul (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul do Brasil). O evento é realizado a cada três anos e serve para definir uma pauta de prioridades do setor, que serão encaminhadas ao Governo Federal e ao MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário). A terceira edição foi realizada em Erechim (RS), em 2010. Seguindo a tradição, o Paraná vai sediar novamente em 2016.

"Temos dois eixos centrais nesta discussão. O primeiro é a organização do movimento sindical em cada município, com atuação nos três estados do Sul do Brasil. Outra coisa são as políticas públicas que precisamos aplicar em nosso setor, para melhorar a vida na agricultura", comenta Rui Valença, da direção da Fetraf-Sul no Rio Grande do Sul. "Se olharmos os dados do IBGE e do MDA, a renda da agricultura está aumentando ano a ano. O problema é que o custo de produção também está muito alto. De nada adianta você ganhar 10 mil reais se gastar 90% disso para produzir. Estamos vendo um esvaziamento do campo, as propriedades não têm sucessores", complementa Neveraldo Oliboni, que é de Nova Prata do Iguaçu e coordena a Fetraf-Sul no Paraná.

A quarta edição do Congresso da Agricultura Familiar contou com a presença de 736 delegados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Somando mais de 200 participantes voluntários, são mais de mil pessoas em São Lourenço D´Oeste até o final da tarde de hoje, quando encerra a programação prevista. "Viemos para cá contribuir para as discussões do setor. Acho que é muito importante esse congresso, pois além de promover um intercâmbio entre os sindicatos, levanta as prioridades a serem encaminhadas ao poder público", acrescenta Marco Antônio Augusto Pimentel, coordenador de gestão e finanças da FAF-SP (Federação da Agricultura Familiar de São Paulo), que também esteve presente no congresso.

 Autoridades presentes

Ontem, durante a parte da manhã, os participantes do congresso assistiram ao painel intitulado "O movimento sindical da Agricultura Familiar", com os debatedores Celso Ludwig, coordenador geral da Fetraf-Sul, Dirceu Dresch, deputado de Santa Catarina, Altemir Tornelli, deputado do Rio Grande do Sul, e Quintino Severo, coordenador de administração e finanças da CUT.

Severo relembrou o processo de organização no trabalho e na sociedade que aconteceu nos últimos dez anos no Brasil. "Ganhamos mais espaço para debater as políticas públicas e a sociedade começa a perceber o sindicato como uma ferramenta para a transformação mundial", ressaltou.

Dresch debateu juntamente com os agricultores as formas de comercialização dos produtos da agricultura familiar e a sucessão familiar nas propriedades. "Estou convencido de que para o jovem permanecer no campo não basta somente ter renda garantida, as políticas públicas devem acompanhar esse processo", disse o deputado. Tortelli tratou sobre as políticas públicas já conquistadas pela agricultura familiar e afirmou que os agricultores que as acessaram melhoraram a qualidade de vida de suas famílias. Finalizando os debates da manhã, Ludwig disse aos presentes que é preciso entender o agricultor familiar atual e quem será ele em dez anos.