O Ministério Público do Paraná, por meio da Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública de Curitiba, ajuizou nesta segunda-feira (11/03) denúncia sobre os crimes ocorridos na Unidade de Terapia Intensiva Geral do Hospital Evangélico, entre janeiro de 2006 e fevereiro de 2013.

A denúncia teve como base o inquérito policial feito pelo Núcleo de Repressão aos Crimes Contra Saúde (NUCRISA), e levou em conta testemunhos de dezenas de pessoas ouvidas na investigação, interceptação telefônica decretada pelo Juízo da Vara de Inquéritos Policial de Curitiba e prontuários médicos.

Foram denunciadas oito pessoas: a médica Virgínia Helena Soares de Souza, acusada de sete homicídios duplamente qualificados e formação de quadrilha; o médico Anderson de Freitas, por dois homicídios duplamente qualificados e formação de quadrilha; os médicos Edison Anselmo da Silva Junior e Maria Israela Cortez Boccato, cada qual por um homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha; as enfermeiras Laís da Rosa Groff e Patrícia Cristina de Goveia Ribeiro, cada qual por um homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha; e a fisioterapeuta Carmencita Emília Minozzo e o enfermeiro Claudinei Machado Nunes, por formação de quadrilha.

De acordo com a denúncia, no período compreendido, pelo menos, entre janeiro de 2006 e 19 de fevereiro de 2013, os profissionais denunciados, sob a liderança da médica Virgínia Helena Soares de Souza, teriam se associado em quadrilha, cada qual a partir do momento em que passaram a trabalhar na UTI Geral do Hospital Evangélico, “para o fim de cometer homicídios de pacientes internados naquela unidade, mediante uso insidioso e sorrateiro de instrumentos, medicamentos e equipamentos daquela casa hospitalar, na qual trabalhavam no exercício regular de suas profissões de saúde”.

A acusação é de que, seguindo as orientações verbais de Virgínia Helena Soares de Souza, na condição por todos usualmente reconhecida de médica “chefe” daquela UTI, os denunciados médicos, durante seus plantões naquela unidade, prescreviam medicamentos bloqueadores neuromusculares normalmente empregados em medicina intensiva para otimização de ventilação artificial, conjugados com fármacos anestésicos, sedativos e analgésicos, procedendo-se ao rebaixamento nos parâmetros ventilatórios dos pacientes-vítimas então dependentes de ventilação mecânica, fazendo-os morrer por asfixia.