A sociedade pato-branquense se rendeu na sexta-feira (8) e prestou homenagens às mulheres pelo Dia Internacional da Mulher. Durante o dia, três eventos foram promovidos por entidades, poder público e sindicatos.  A data também serviu de alerta quanto à violência praticada por companheiros ou familiares e ainda reforçou a capacidade e igualdade, apesar de existir preconceito em algumas situações.
O 13º Encontro das Mulheres Rurais, promovido no Centro Regional de Eventos, abrigou aproximadamente 400 agricultoras. Na programação constaram palestras, apresentação artística, coffee break e almoço.

Entre as participantes estava a moradora da comunidade São Miguel Cachoeirinha, Romilda de Fátima da Costa. As principais preocupações estão voltadas às condições das estradas e questões climáticas. Sobre o evento, ela define: “Um dia para se reunir e formar novas amizades”. O marido ficou em casa e, como toda mulher, Romilda teve a preocupação de pelo menos deixar o almoço pronto.

“Alguns anos para cá as mulheres estão mais abertas ao trabalho e a família. A garra e a força da mulher permite conquistar espaço. No entanto, a mulher teria que ter mais para apresentar o trabalho que produz”, disse a presidente da Associação das Mulheres Rurais de Pato Branco (AMR).

A mulher do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pato Branco, Rosalina Zochi, vice-coordenadora das mulheres rurais da região, disse que o marido se encontrava em Brasília e participava da Conferência Nacional de Agricultura Familiar na busca de melhorias à classe. “A sociedade precisa conhecer mais o trabalho rural, principalmente da agricultura familiar, pois a mulher produz alimentos para o povo. A mulher evolui a cada dia por meio da luta e determinação”, acrescentou.

Frei Nelson Rabelo presenciou o ato de solenidade e, conforme o religioso, a mulher desempenha um papel importante no convívio familiar, profissional e na sociedade. Contudo, o preconceito do homem com este ser humano, como ele define, ainda prevalece. “A sociedade tem na mulher a sua principal coluna. Ela é mãe, esposa e profissional do lar, educadora e administradora. Uma sociedade onde a mulher não está presente é uma sociedade ‘capenga’. Ainda há o preconceito no trabalho, onde elas são menos valorizadas. E mulher não é objeto, é um sujeito, um ser humano de extrema vontade e de inteligência”.

3º BPM

O 3º Batalhão de Polícia Militar de Pato Branco, além de prestar homenagens, ainda fez menção a soldado destaque do mês e agradeceu a presença de familiares dos policiais. O tenente-coronel Éveron César Puchetti lembrou que o evento ocorre mensalmente pela corporação. “Há 28 anos na polícia, percebo que a mulher vem dar brilho pela conduta e forma de agir. Nas adversidades é ela que consegue transmitir segurança. Vejo que uma comandante de Polícia Militar trilharia bons caminhos. Parabéns, ainda, a soldado Fransieli, destaque por ser singela e simpática”, analisou.

De acordo com a soldado Fransieli Rizzon Zanella, mesmo havendo preconceito por ser policial, conseguiu deixar de lado essa questão e superar os desafios. “Atrás de um rosto bonito, estamos mostrando que somos capazes”, enfatizou.

Lei Maria da Penha

A Secretaria de Ação Social e Cidadania realizou reunião com advogadas, médicas, assistentes sociais, funcionárias públicas, psicólogas, pedagogas e demais profissionais para apresentar o projeto Mais Marias. A ginecologista e presidente da Associação Paranaense dos Médicos Legistas, Maria Letícia Fagundes, repassou informações acerca da Lei Maria da Penha.

Conforme a médica que coordena os projetos, as pessoas precisam conhecer mais e contribuir para combater a violência contra a mulher. Por isso, a profissional iniciou os trabalhos de interiorização no Paraná e destacar como a lei funciona, de que maneira a mulher pode se beneficiar e qual o caminho indicado se for uma vítima. “Por isso é importante capacitar cada vez mais pessoas”, ressaltou.

Maria Letícia alerta que a mulher, em caso de sofrer lesões, deve procurar um Instituto Médico Legal (IML). No estado há 17 institutos. A instalação deles são referências para uma determinada região e nem sempre estão próximos onde reside a vítima. Nesta situação, registra-se o fato na delegacia. Com o documento em mãos, a vítima fica autorizada para fazer o exame de lesão corporal. “Normalmente elas são agredidas por companheiro, mas pode ser alguém da família ou parente, e só quem pode definir presença ou não de lesão é um médico legista”.

A secretária Maria Cristina Hamera enalteceu o trabalho desenvolvido pelo projeto. Na sua análise, o repasse de informações contribui para uma maior conscientização. “Há ferramentas, porém não existem denúncias. O Paraná é o 3º estado do Brasil em que há maior incidência de atos de violência feminina”, observa.