O Corinthians começou bem, sofreu com a altitude e terminou a primeira rodada da Libertadores com um 1 a 1 diante do San Jose, da Bolívia. O jogo, no entanto, acabou ficando em segundo plano. Durante a partida, um torcedor do time local foi morto, atingido por um artefato que teria, segundo a polícia boliviana, partida da torcida alvinegra. Kevin Espada, de 14 anos, morreu a caminho do hospital (leia mais aqui). 

Alheio à tragédia, ao menos enquanto esteve em campo, o atual campeão mundial sai de campo com um ponto e é o segundo colocado do Grupo 5, atrás dos mexicanos do Tijuana. Se fica com o gosto amargo pela vitória que não veio, a torcida ao menos comemora a manutenção da invencibilidade no torneio, que agora chega a 15 jogos. O recorde histórico do torneio é de 17 partidas, do Sporting Cristal, nas edições de 1962, 1968 e 1969.

Diante do ar rarefeito, no entanto, o empate também não pode ser considerado um mau resultado. Oruro é o ponto mais alto da mais que centenária história do Corinthians, que nunca atuou em uma altitude tão elevada, e assustava a comissão técnica. A resposta do time em campo foi tentar matar a partida enquanto ainda tinha gás.

O jogo não tinha um minuto completo quando Guerrero roubou a bola de um zagueiro e bateu firme da entrada da área, para defesa do goleiro rival. Quatro minutos depois, ele não perdoou. Depois de cruzamento de Fábio Santos, o peruano completou de esquerda e abriu o placar para o Corinthians com categoria.

Foi o décimo gol dele nas últimas 11 partidas. Guerrero também mostrou toda frieza que se espera dele ao estrear na Libertadores. Experiente aos 29 anos, veterano de Ligas dos Campeões e herói do Mundial de Clubes, ele nunca tinha jogado na competição continental, e demorou exatos cinco minutos para fazer o dele.

O ímpeto corintiano ainda duraria alguns minutos, com direito a uma chance clara desperdiçada por Paulinho, com boa defesa do goleiro rival. E foi só. A altitude logo começou a fazer efeito e os corintianos, aparentemente cansados, diminuíram o ritmo, marcando mais no campo de defesa.

Se não correu grandes riscos no primeiro tempo, o Corinthians deve agradecer à limitação técnica do San José e ao goleiro Cássio. Depois de falhar no clássico contra o Palmeiras, há três dias, ele voltou à velha forma e não deu chances à equipe boliviana nos vários chutes de longe ou mesmo nos cruzamentos.

O intervalo serviu para colocar o San Jose nos eixos, e não resolveu o problema de fôlego do Corinthians. No retorno dos vestiários, aos 15 minutos, Saucedo apareceu livre no segundo pau e tocou de carrinho para empatar o jogo, aproveitando um vacilo de Fábio Santos.

O único esboço de reação veio nos minutos seguintes. Em duas estocadas seguintes, Emerson teve a chance de matar o jogo. Aos 20 minutos, Renato Augusto cruzou da esquerda e o camisa 11, livre, chutou na trave, perdendo uma oportunidade incrível. Minutos depois, recebeu de Guerrero e bateu por cima, levando as mãos à cabeça incrédulo.

É a manutenção da má fase de Emerson. Nos últimos 12 jogos, ele marcou apenas um gol, justamente aquele que abriu o placar no clássico contra o Palmeiras, no domingo passado. 

Daí em diante, novamente a falta de ar pesou. Aparentemente satisfeito com o empate, o Corinthians diminuiu o ritmo e se esforçou apenas para evitar eventuais sustos. Paulo André, cansado, chegou a ser substituído por Felipe. Guerrero, igualmente exausto, teve de sair de campo para recuperar o fôlego.

Só que mais uma vez, a limitação do San Jose pesou e o placar se manteve inalterado. Agora, o Corinthians volta a campo pela Libertadores na próxima semana, no Pacaembu, contra os colombianos do Millonarios, com promessa de estádio lotado.