O advogado Gustavo Scandelari, que representa o ex-deputado estadual do Paraná Luiz Fernando Ribas Carli Filho, acusado de provocar a morte de dois jovens em um acidente de trânsito, em Curitiba, afirmou nesta quarta-feira (30), que não iria comentar a decisão judicial que definiu a data do julgamento do ex-parlamentar, porque o despacho ainda não foi publicado oficialmente. Ao G1, Scandelari enfatizou que ainda existem recursos – tanto da defesa quanto da acusação - tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Considero prematura a decisão e marcar a data”, afirmou o jurista.

O ex-deputado é responsabilizado pelo acidente que matou Gilmar Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20, em 2009. Ele ficou gravemente ferido e chegou a ser transferido para o Hospital Albert Einsten, em São Paulo. Segundo exame etílico, o ex-deputado estava embriagado e também dirigia em alta velocidade. O laudo do Instituto de Criminalística apontou velocidade entre 161 e 173 km/h. A Justiça determinou que o júri popular ocorra em 26 de março. Ele deve responder por duplo homicídio com dolo eventual e, se for condenado, pode pegar até 20 anos de prisão, com possibilidade de aumento de até 50% da pena por ter havido mais de uma vítima.

A defesa de Carli Filho tenta reverter o júri popular fazendo com que ele responda por um crime culposo. “A pessoa que dirige embriagada é de forma culposa e não pensando em matar alguém”, argumentou Scandelari.

Família diz que não quer vingança

Em 20 de março, Gilmar Yared faria 30 anos. Nesta quarta-feira (30), o advogado Elias Mattar Assad, que representa a família Yared no caso, entregou para os pais do jovem o despacho que definiu a data do júri popular. Do dia do acidente até a definição da data do júri popular, passaram-se três anos. O período de tramitação do processo, segundo Assad, é normal do ponto de vista jurídico, porém, longo para a família que sofre a perda de um filho.

“Desde a morte do meu filho, mais de 180 mil pessoas morreram no trânsito. Se nós não começarmos a colocar esses assassinos na cadeia, até 2020, cada família terá perdido um ente querido”, disse Gilmar Yared, pai de uma das vítimas.

Emocionada a mãe Cristiane Yared,  que é fundadora do Instituto Paz no Trânsito (IPTRAN), afirmou que luta para que vidas sejam salvas no trânsito brasileiro. “Não é vingança, é justiça. Nós precisamos que a Justiça puna esses assassinos de trânsito. A Justiça punindo esses assassinos, nós temos uma leitura diferente de toda uma sociedade”, desabafou.

“Pessoas que bebem e dirigem têm que entender que causam danos irreparáveis e que têm  que ir ao tribunal, sim. A sociedade que tem que dizer se as pessoas são ou não culpadas. Nós estamos cansados de enterrar filho. O país está lavado em sangue”, acrescentou Cristiane. Ela disse também que acredita que o ex-deputado será punido. Segundo ela, a Justiça tem encarado com outros olhos casos com este.