Comemorando a realização de um antigo e acalentado sonho e, ao mesmo tempo, já sentindo saudade antecipada da Casa que lhe proporcionou o importante aprendizado da política, o deputado Augustinho Zucchi (PDT) se prepara para assumir a prefeitura de um dos principais municípios-polo da região Sudoeste, Pato Branco, sua terra natal. Filho de trabalhador rural, ele veio fazer o curso de Agronomia na Universidade Federal do Paraná e rapidamente envolveu-se com a militância estudantil, no início dos anos 80.

Foi um dos fundadores do Centro Acadêmico de Agronomia da instituição, foi morador e chegou a presidir a Casa do Estudante Luterano Universitário (CELU) - um "laboratório" de onde saíram diversos outros políticos, como vereadores, prefeitos e deputados, entre eles o também deputado estadual Rasca Rodrigues (PV), contemporâneo do próprio Zucchi - participou do Diretório Central de Estudantes, atuou na UPES e na UNE e se aproximou do Legislativo como estagiário no gabinete do então deputado Paulo Furiatti (PMDB) - aliás, mais um ex-morador da CELU.

O primeiro mandato como deputado estadual veio em 1994. De lá para cá, foram cinco mandatos consecutivos: "O parlamento, por si só, é convivência entre os diferentes, um microcosmo da sociedade, onde aprendemos a ser ecléticos em relação à busca de soluções para os problemas da população. As leis que são aqui elaboradas refletem as demandas sociais, os usos e costumes coletivos", discursa o parlamentar, explicando que nasceu vocacionado para as lides políticas, com ou sem mandato.

Arte da convivência - Zucchi se diz fascinado por esse intrincado jogo que se baseia no debate e no contato com o povo. "A essência da politica é a arte do relacionamento humano, por isso os cinco mandatos consecutivos foram profundamente marcantes em minha vida. Aprendi muito, sobretudo aprendi a ver a politica como ela é, não como se pensa que ela seja quando a olhamos de fora. E é essa grande experiência que carrego para o novo mandato e que vai me ajudar muito", afirma.

Ele está ciente das grandes diferenças entre os cotidianos dos Poderes Executivo e Legislativo, "mas há uma coisa em comum entre os dois níveis de poder, a capacidade de ouvir. A maior virtude de um homem público é saber ouvir, e eu acho que isso eu aprendi a fazer ao longo de minha trajetória na Assembleia Legislativa", observa.

Este fã incondicional de Leonel Brizola, admirador de Dilma Roussef desde que ela militava nas trincheiras pedetistas, Zucchi se emociona ao falar sobre esses 18 anos. "Só tenho a agradecer, aos colegas deputados, às pessoas que trabalharam comigo, àqueles que eu conheci e com quem convivi em função da minha atividade. Sou avesso a despedidas, justamente por ser emotivo".

Zucchi participou em várias gestões da Mesa Executiva, atuou em diversas comissões técnicas, exerceu a liderança de seu partido na Casa e hoje a vê se encaminhar "cada vez mais para ter o respeito do povo. Em algum momento esse encontro vai se realizar plenamente, faz parte do amadurecimento do processo democrático", prevê.

Mudança - Para ele, as eleições deste ano podem ser tidas como "da mudança de comportamento, de paradigmas", o que o leva a acreditar que o maior desafio colocado à sua frente, como agente público, é saber interpretar esses anseios coletivos. "Tenho um projeto de renovação, e defendo uma nova postura de mandatário, mais acessível e participante nas atividades diárias da administração. 

O exercício da Prefeitura talvez seja a função mais gratificante por sua proximidade com a população. Tudo acontece ali. É onde se dá a manifestação expressa da cidadania, onde se cobra mais diretamente a materialização dos projetos. Pato Branco é o município com 3º IDH do Paraná, com desenvolvimento socioeconômico admirável, um polo tecnológico desenvolvido, liderança regional. Uma sociedade muito exigente e politizada. Sempre tive o sonho de ser prefeito. E me sinto realizado porque Pato Branco me confiou essa missão", conclui.