O Paraná está em alerta por causa dos ataques de facções criminosas em São Paulo e Santa Catarina, mas autoridades e especialistas em segurança pública afirmam que a violência em série orquestrada por bandidos dificilmente deve se repetir por aqui. Isso porque os cenários que motivaram os ataques nos estados vizinhos – maus-tratos em presídios catarinenses e a guerra declarada entre a Polícia Militar de São Paulo e o Primeiro Comando da Capital (PCC) – não se repetem no Paraná. Eles, porém, não ignoram a existência no estado de organizações como o PCC e a possibilidade de ações isoladas de bandidos – o que, até agora, não ocorreu.
“Em Santa Catarina, a situação envolve o sistema prisional. São Paulo é outro problema, com um confronto armado da Rota [a tropa de elite da PM paulista]. Aqui estamos sem indício de movimentação deste tipo, até porque há um controle efetivo destas facções dentro dos presídios”, afirmou o secretário de Segurança Pública do Paraná (Sesp), Cid Vasques.
Isso não significa que o estado baixou a guarda. Pelo contrário. No início do mês, a Sesp tratou do assunto na primeira reunião da cúpula de segurança do Paraná, que teve participação até do Exército. Na ocasião um e-mail foi repassado a oficiais da PM em todo o estado para mantê-los de prontidão contra eventuais ações do crime organizado.
Na última sexta-feira, Vasques se reuniu com a cúpula da segurança catarinense para saber detalhes do que ocorre no estado vizinho. Na ocasião foi acordado que o serviço de inteligência da polícia do Paraná vai auxiliar Santa Catarina no trabalho de investigação para descobrir os responsáveis pela série de ataques a ônibus e bases policiais. Vasques informou ainda, sem dar maiores detalhes, que as polícias Civil e Militar devem desencadear nos próximos dias ações de prevenção à violência no estado.
“Nós estamos numa situação de alerta e não seria diferente, até porque estamos no meio de dois estados muito problemáticos”, disse a secretária de Justiça do Paraná, Maria Teresa Uille Gomes.
Para o antropólogo Paulo Malvasi, que é doutor pela USP e professor da Uniban, o PCC não tem tanta força assim. “Querem criar um mito de que existe uma organização criminosa a ponto de dominar tudo, mas isso não é verdade. O PCC só quer manter suas fontes de renda”, afirma.