As eleições deste ano reverteram uma tendência de facilidade de reeleição para os prefeitos do Brasil. Desde 2000, quando houve a primeira possibilidade de recondução ao cargo, esta foi a eleição com a porcentagem mais baixa de administradores municipais que conquistaram mais quatro anos de mandato. Em 2000 e 2004, o índice foi de 58,2%, passando para 67% em 2008. Neste ano, 55% dos prefeitos que disputaram novamente a cadeira foram reeleitos, de acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). A porcentagem surpreendeu a própria instituição, que estimava a recondução de 66%.

Se levada em consideração apenas as maiores municípios brasileiros, a diminuição fica evidente: entre 2000 e 2008, 77% dos prefeitos das cidades brasileiras com mais de 200 mil eleitores poderiam pleitear um novo mandato, sendo que 84% deles tentaram repetir o mandato. O índice de sucesso desses prefeitos foi de 72,5% no período. Em 2008, a taxa de reeleição atingiu um pico e foi a 89%. Em 2012, dos 37 prefeitos que governam cidades com mais de 200 mil habitantes e tentaram se reeleger, 21 venceram, o que representa 56,8% do total.

A taxa diminui ainda mais considerando apenas as capitais. Em 2008, das 20 nas quais os prefeitos se lançaram para a reeleição, apenas um, Serafim Corrêa, de Manaus, não venceu. Neste ano, oito prefeitos eram candidatos à reeleição e destes, quatro confirmaram permanência no cargo já na primeira etapa de votação – Eduardo Paes (PMDB), no Rio de Janeiro; Márcio Lacerda (PSB), em Belo Horizonte; Paulo Garcia (PT), em Goiânia; e José Fortunati (PDT), em Porto Alegre. Três disputam o segundo turno, porém perderam: João Castelo (PSDB) em São Luís (MA), Elmano Férrer (PTB) em Teresina (PI), e Roberto Góes (PDT) em Macapá. Dos oito, o único que ficou fora da disputa já no dia 7 de outubro foi o atual prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB).

A avaliação do presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, é que a falta de dinheiro nos cofres do município gerou a insatisfação com os prefeitos. “Nesses quatro anos houve um estrangulamento estrutural das prefeituras, causado pela diminuição da arrecadação e por aumento das atribuições. Isso se somou ao aumento da crise econômica, que não foi sentida em 2008”, diz o presidente da CNM. Ele lembra que a redução do IPI para automóveis e linha branca, além da determinação do piso nacional dos professores e a votação da Emenda 29, que modificou o orçamento para a saúde, vem agravando a situação dos municípios. “Desde 2009 a situação está complicada para os prefeitos. O Fundo de Participação dos Municípios está menor e todos estão sentindo a diminuição na arrecadação”, diz.

Ao contrário da maioria das cidades brasileiras que não reelegeram seus prefeitos, a falta de dinheiro não foi motivo para o insucesso de Ducci nas urnas. Curitiba vem conseguindo aumentar seu orçamento todos os anos e o município não tem dívidas.