O número de abstenções nas eleições do último domingo chegou a mais de 19% do eleitorado em todo o Brasil, o segundo maior da história em segundos turnos no país – em Curitiba, o número de abstenções foi de quase 10%. No 1.º turno, o índice foi próximo ao do último domingo, cerca de 16% do eleitorado. Esses dados foram motivos de preocupação da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Carmem Lúcia. Ela disse que pretende analisar formas mais eficazes de incentivar o voto nas próximas eleições.

Para o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Fabrício Tomio, a preocupação da ministra não se justifica tanto. “Não é um dado que vai colocar em crise a democracia no país. São pessoas que não se importam com quem ganha, e delegam a outros a escolha do candidato. Há ainda aqueles que estão viajando ou que não têm mais obrigação de votar, como os idosos com mais de 70 anos.” O professor acredita que não existe, no momento, uma solução viável para diminuir o número de abstenções nas eleições. “Seria um absurdo se aumentassem a multa para quem não justifica sua ausência [o valor atualmente é de R$ 3,51 por turno]. Quando for relevante para o cidadão, ele vai ao tribunal eleitoral e regulariza sua situação.”

Em todo o Brasil, os votos brancos e nulos somaram 9,8%, maior número na história dos segundos turnos desde 1996. Somente em Curitiba, 6,6% dos eleitores votaram em branco ou nulo. Para o professor Tomio, são números significativos. “Somando com o número de abstenções, é quase um terço de eleitores no Brasil que não quiseram participar do processo democrático. O que deveria ser feito mesmo era acabar com o voto obrigatório, mas é pouco provável que isso aconteça no curto prazo.”