Se o Flamengo deseja mesmo enxugar a folha de pagamento, a solução que cairia como uma luva vem da China. O Shangai Shenhua, da primeira divisão, ofereceu a Ronaldinho um contrato de dois anos, com salário de R$ 1,35 milhão e adiantamento de R$ 5,8 milhões. A proposta que totaliza R$ 38 milhões já chegou ao conhecimento de Assis, irmão e empresário do craque, que acumula quatro meses de salários atrasados.

— Não chegou nada da China. Como é a proposta? É boa? Tem que passar para o Flamengo, que é com quem o Ronaldo possui contrato até 2014 — disse Assis, irônico.

O Rubro-negro não tomou conhecimento da vontade dos chineses, mas o vice de finanças Michel Levy adotou um discurso claro e não descartou uma negociação, em meio às dificuldades para pagar Ronaldinho, que recebe R$ 1,3 milhão por mês de salário.

— O Flamengo não é um clube bilionário. O passivo (dívidas) é muito grande. Em um ou dois anos, podemos ter condições de nos equilibrarmos financeiramente. Até lá isso não permite tornar o Ronaldo inegociável. Uma proposta tem que no mínimo ser analisada. Não estou colocando para vender no mercado, mas não existe isso de inegociável — explicou o dirigente, confirmando ter recebido recentemente apenas sondagens do futebol árabe pelo camisa 10.

— Sinceramente, a única vez que houve um comentário foi do mundo árabe. Um sheik que queria levá-lo, mas não veio nada concreto — emendou.

Mesmo com R$ 5 milhões a receber, R10 não deve deixar o Rio, cidade que adora. Os atrasos incomodam — Assis já notificou o clube — mas se o clima entre as partes pesou, a postura da diretoria em assumir a dívida e buscar soluções atenua a reação de Assis, que tem o filho, Diego, na base. Enquanto Joel Santana sonha ter R$ 250 milhões do Barcelna para contratar, o clube mantém os pés no chão.

— Seria hipocrisia falar que não tem preocupação maior com Ronaldinho. Precisamos gerar receitas, ou transferir de algum lugar, o salário dele não era problema do financeiro até a Traffic sair —, explicou Levy, criticando nas entrelinhas o markeing, que não acerta um patrocínio máster e não consegue capitalizar em cima da imageo de Ronaldinho.

O imbróglio com o craque vem tomando contornos dramáticos, e um desempenho abaixo do esperado no Brasileir pode acirrar os ânimos de vez. No momento, o assunto é considerado sem solução do ponto de vista econômico.

Há uma preocupação sim, e grande. Precisamos alocar recurso. Efetivamente ainda não tem solução. Se tivesse já tinha feito. Tenho conversado com o Assis, ele leva num bom termo. Impaciente todo mundo que tem a receber fica. Tem direito de receber. O principal é que há satisfação dada. Como a questão está sendo solucionada. O cara está vendo que o clube está trabalhando. Não é que tranquiliza, “ah que bom”... Mas mostra preocupação e responsabilidade — finalizou Michel Levy.