O deputado federal Moacir Micheletto (PMDB-PR) morreu ontem em um acidente de carro na PR-239, entre Toledo e Assis Chateaubriand, no Oeste do Paraná. Ele estava sozinho no veículo e bateu de frente contra uma caminhonete. A morte do parlamentar, que era uma das principais vozes da bancada ruralista no Congresso, causou comoção entre lideranças do setor agropecuário. O governador Beto Richa (PSDB) decretou luto oficial de três dias no estado. Quem vai assumir a cadeira de Micheletto na Câmara Federal é Odílio Balbinotti, também do PMDB.

O acidente ocorreu por volta das 16h15. De acordo com a assessoria do peemedebista, ele seguia de Assis Chateaubriand para Tupãssi, onde tem uma fazenda. Segundo a Polícia Rodoviária Estadual, porém, Micheletto se­­­guia no sentido contrário. Apesar de contar com um motorista particular, o parlamentar teria dispensado o serviço e, por isso, conduzia o carro. Os dois ocupantes da caminhonete ficaram feridos sem gravidade.

A 600 quilômetros de Curitiba e com cerca de 33 mil habitantes, o município de Assis Chateaubriand, onde morava Micheletto, receberá hoje algumas das figuras mais importantes da política nacional para o velório do parlamentar.

Numa demonstração do prestígio que o deputado tinha, o presidente da República em exercício, Michel Temer (PMDB), confirmou que irá ao velório – o enterro será em Toledo, às 17h30. Também estarão presentes a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann; o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro; o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN); Beto Richa; entre outras lideranças. Ainda não havia confirmação, mas o ministro das Co­­­mu­­nicações, Paulo Bernardo, também pode estar entre os presentes no velório.

Código Florestal

Agrônomo de formação, vice-presidente da Federação da Agri­­cultura do Estado do Paraná (Faep) e um dos líderes da Frente Par­­lamentar da Agropecuária no Congresso, Micheletto participou diretamente das discussões do Código Florestal, que deve ter sua votação concluída neste ano na Câmara. Lideranças do setor agrícola lamentaram a morte e disseram que poucos entendiam do assunto tanto quanto ele. “Vai ser difícil achar outro Micheletto”, resumiu o ministro da Agricultura.

No início dos anos 2000, porém, o peemedebista, que estava atualmente no sexto mandato, ficou no fogo cruzado ao propor a redução da reserva legal de 80% para 50% na Amazônia e de 35% para 20% no Cerrado. Em meio a muita polêmica, o projeto não avançou.

Substituto

Primeiro suplente do PMDB paranaense na Câmara Federal, Odílio Balbinotti assumirá a vaga de Micheletto. Este será o 5.º mandato de Balbinotti, que tem 70 anos. Por telefone, ele lamentou a morte do colega. “Infelizmente terei de assumir o cargo desta forma. Ele era digno de respeito e muito competente. Farei o possível para manter a excelência dos trabalhos dele na área da agricultura”, afirmou.

Assim como Micheletto, Balbinotti também tem sua atuação voltada à agropecuária. Um dos maiores produtores de soja do país, Balbinotti chegou a ser convidado para o cargo de ministro da Agricultura em 2007, durante o segundo mandato do presidente Lula. Não assumiu, porém, em função da existência de um inquérito no Supremo Tribunal Federal que investigava possível fraude de documentação para obtenção de empréstimo no Banco do Brasil.

Antes de ser deputado, Bal­­binotti havia sido vereador e prefeito do município de Barbosa Ferraz, no Noroeste do estado. Na eleição de 2010, ele teve 84 mil votos.

 (fotos: Leonildo Mendes)