Após um mês de comunicar a dificuldade de manter o atendimento e apontar a possibilidade de fechamento da UTI de Chopinzinho, o Dr. João Carlos Guarienti anunciou que a APSaúde iniciará o processo de contagem dos trinta dias de aviso prévio para os funcionários. O comunicado foi feito nesta quarta-feira, 09, durante a realização da 4ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Vereadores de Chopinzinho.

Recentemente a entidade emitiu um comunicado trazendo a público a situação de endividamento e a necessidade de fechamento da UTI caso medidas não sejam tomadas para auxiliar a entidade na manutenção dos gastos com o atendimento.

Há cerca de um mês a APSaúde esteve reunida com a Secretaria Estadual 7ª RS aonde apresentou a situação real da entidade e voltou a solicitar o encaminhamento do pedido de credenciamento junto ao Ministério de Saúde. Se o pedido não for atendido em súbito a entidade fará o descredenciamento da UTI de Chopinzinho acabando com o atendimento prestado à população de forma gratuita, visto que todo o processo tem sido feito através do Sistema Único de Saúde (SUS).  

 “Estamos lutando com todas as forças, mas temos que ser realistas. Eu não acredito mais na manutenção da UTI”, lamentou.

 

Endividamento e dificuldade de manutenção

A APSaúde possui atualmente uma dívida que ultrapassa o valor de 2 milhões. Por este motivo o hospital solicitou o descredenciamento da UTI. A entidade realizou em junho do ano passado uma análise através da empresa Crescer do SEBRAE que emitiu um relatório afirmando que a receita apresentada é menor do que as despesas. “A situação é muito grave e sem indicação de reversão”, consta.

O Dr. João Carlos afirma que a instituição é uma associação sem fins econômicos e faz parte inclusive da FEMIPA, a Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná. “A dificuldade de manutenção dos serviços é uma realidade encontrada em todo o país. Mas é relevante lembrar que as entidades filantrópicas são fundamentais para o funcionamento do SUS, porém as entidades não são remuneradas adequadamente para isso. Como conseqüência das dificuldades financeiras, temos um cenário de crise permanente e de endividamento crescente, que culminam na redução de leitos, fechamento de hospitais, urgências e emergências lotadas, entre outras situações que prejudicam a oferta de atendimento de qualidade para a população”, explicou.

Como um exemplo da situação de despesas com a manutenção do serviço e de repasses feitos aos hospitais, o médico mencionou que segundo o relatório do ano passado, o hospital teve uma média mensal de prejuízo de R$ 77.281,00. “A UTI é uma unidade de alta complexidade prestadora de serviço, que fez com que o hospital aumentasse seu quadro funcional em várias áreas. Somente para ter uma base da situação real de gastos e valores repassados, para manter toda noite médicos de plantão é gasto em média R$ 40.000,00, e o valor repassado para a manutenção com este gasto é de R$ 14.000,00. Estes são os valores estipulados pelo Ministério da Saúde, mas infelizmente os profissionais não aceitam fazer o trabalho por este valor”, observou.

“Nós sabíamos pela situação que operam outras UTIs que o lucro é inexistente, mas tudo bem, porque não é esse o nosso objetivo. Nossa entidade é sem fins lucrativos e o que realmente queremos fazer é oferecer um serviço de qualidade ao alcance da população. Essa sempre foi nossa real intenção. Porém o auxílio na manutenção do atendimento é primordial para a sobrevivência da UTI”, concluiu João Carlos Guarienti.

Além da presença dos Vereadores Chopinzinhenses que levantaram questionamentos e afirmaram seu apoio à manutenção do atendimento da UTI em Chopinzinho, esteve presente à reunião a Secretária Municipal de Saúde, Ivete Maria Lorenzi.