350 animais do Zoológico de Dois Vizinhos, no sudoeste do Paraná, estão sendo transferidos após o local ser embargado pelo Instituto Água e Terra (IAT).

Até o começo da tarde desta quinta-feira (15), cerca de 150 deles haviam sido retirados e transportados para outros institutos de todo o Brasil. Segundo o instituto, o trabalho de retirada continua nos próximos dias.

As onças-pintadas, por exemplo, foram enviadas para o Instituto das Onças, em Goiás. As cobras foram levadas para Curitiba, alguns animais para a Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), em Guarapuava, e outros para cidades do nordeste do Brasil.

De acordo com o IAT, o motivo da transferência foi a negligência no atendimento veterinário do zoológico. O órgão apura denúncias de maus-tratos, que alegam que os animais não receberam atendimento conforme exigido. 

Uma leoa chegou a ser sacrificada. Além disso, segundo o instituto, a licença para funcionar do zoológico está vencida. “O zoológico de Dois Vizinhos estava passando por um processo de regularização, porque encontra-se com a licença para poder operar o empreendimento vencida. Diante disso, a gente acabou recebendo algumas denúncias de maus-tratos. Essa semana a nossa equipe veio aqui verificar e fazer uma fiscalização no local. Com isso, o empreendimento encontra-se agora embargado. A transferência dos animais está sendo feita para outros empreendimentos regulares e licenciados”, afirmou Jéssica Jasinski, bióloga do setor de fauna do IAT.

O zoológico pertence a União das Instituições de Serviço, Ensino e Pesquisa (Unisep), uma faculdade privada de Dois Vizinhos. O espaço era usado para aulas, pesquisas e cobrava entrada para visitação do público.

Segundo o IAT, diversos animais apresentavam sinais de maus-tratos. As onças-pintadas, por exemplo, estavam com sobrepeso, conforme o órgão. Para o instituto, outro animal que apresentou sinais de maus-tratos foi a leoa Gaia, de 19 anos. Ela foi sacrificada com um câncer espalhado por todo o corpo.

O órgão informou que os problemas avançados de saúde apresentados pela leoa foram constatados no início de 2023 e, desde então, ela não havia recebido um tratamento adequado.

O zoológico afirmou que Gaia foi atendida em janeiro por um médico veterinário especialista e em maio passou por uma cirurgia realizada por uma equipe de Cascavel. Segundo o zoológico, a situação do animal era terminal e não existiam mais possibilidades para salvá-la, por conta disso, optaram pela eutanásia.

Posição do zoológico

À RPC, a advogada do zoológico afirmou que estava providenciando a liberação ambiental para que o espaço pudesse funcionar regularmente, porém, ela não conseguiu encontrar biólogo e veterinário especialistas em animais silvestres para assumirem a responsabilidade técnica do local.

Conforme o zoológico, os animais não ficaram sem cuidados. Profissionais eram contratados para realizar atendimentos pontuais e, nos casos mais simples, o trabalho era feito por professores do hospital veterinário da faculdade dona do zoológico.

Fonte: G1 Paraná com foto de Felipe Locatelli